Imagine-se uma comunidade onde a maioria apoia políticas verdes, partilha nas redes sociais apelos à neutralidade carbónica, participa em marchas pelo clima e subscreve manifestos a favor das energias renováveis. Mas quando surge um projeto concreto – um parque eólico, uma central de biomassa, uma linha de muito alta tensão – que cumpre todos os requisitos legais e ambientais e contribuirá diretamente para a transição energética e para o crescimento económico do país, a mesma população mobiliza-se contra: petições, protestos, ações judiciais.
É o paradoxo do NIMBY (Not In My BackYard): todos dizem querer a transição energética, mas não no seu quintal.
Em Portugal, este fenómeno tem consequências reais. No setor solar, num dos países com maior radiação da Europa, os licenciamentos prolongam-se por anos, travados por contestações locais e pela atuação do Ministério Público, que tem impugnado declarações de impacto ambiental emitidas pela Agência Portuguesa do Ambiente. No setor do lítio, Portugal é o maior produtor da UE e figura entre os países com maiores reservas a nível mundial, mas o concurso para atribuição de direitos de prospeção, anunciado desde 2018, continua por concretizar. Projetos de refinação enfrentam entraves que comprometem parcerias e financiamento.
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